um beijo, beijing

2008,agosto26,terça-feira às 11:22PM | Publicado em caderno de esportes, crônica, hojes | 3 Comentários
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Põe-se um prendedor no nariz das nadadoras sincronizadas a fim de evitar o excesso de beleza gerada pelos corpos das atletas somados aos movimentos por estas e usando aqueles executados;
Atletas brasileiros gritando porra em câmera lenta.
Um filho de Michael Phelps com Shawn Johnson.
Quem roubou a vara da Fabiana Murer foi o velho aquele fanático que atrás do cordeiro de deus achou o Cordeiro, Vanderlei. quatro anos antes nos quarenta e dois mil cento e noventa e cinco metros rasos.
Anti-dopping nos repórteres: adjetivos anabolizantes: Galvão falando músculos impressionantes por causa da saga phelpiana.
Michael Phelps é o novo Pelé das piscinas Pelé é o Pelé dos gramados então o Pelé propriamente dito que paga para não nadar pois nada nada ou não nada nada.
Cesão tentou cantar o hino: a letra era outra: a língua era a lágrima.
Um dos campos mais férteis para a criatividade é o campo do vizinho: inspirar-se em linguagens diferentes (ou ramos diferentes) da que se vai criar. Uma vez quando era criança ouvi até um dono de joalheria falar que dizia aos seus designers para jamais se inspirarem em jóias para fazerem jóias, mas em obras de arte, em músicas, na rua etc. Pois bem, sabemos disso. O Ronaldinho é NBA; o Kaká, religião evangélica.
O jogo entre Espanha EUA foi equilibrado. Mas ginga, marra, a beleza de jogar – claro que uma beleza popular, apelativa, uma beleza peituda e de grande bunda – somente os norte-americanos têm. Evidentemente que para quem gosta do jogo – como na crítica de cinema, na enologia e tudo mais – qualquer jogo que tenha bons times é digno de apreciação e avaliação, e muitas vezes há sutilezas que valem mais que gritos.
Mas ver os norte-americanos comemorando e muito um título de basquete mostra que o “Dream Team” sempre esteve à frente, mas o Dream Team (este s/ aspas) sempre estará: ele, no meu universo de descoberta pessoal, é um símbolo da magia do esporte nascendo para o meu eu-expectador, o nascimento da Olimpíada: 1992.
Então “a olimpíadas” é isso, é ver TV, é dizer a todo momento que não se tratam de humanos, é querer praticar esportes diferentes.
Daí que surge o panatlo (em vez de triatlo). Ou um tudoatlo. Ou sei lá.
E quem sabe, concomitantemente, lutando pelo recorde mundial, nadar por uns 10 metros, marcar um gol e após a comemoração explosiva adequar-se ornalmentalmente ao sofá e ao travesseiro e mantendo os dedos esticados conforme o código pressionar somente o suficiente o on da televisão.
Eu ia dizer que o nado sincronizado e os saltos atléticos (vara, distância, altura) traziam as mulheres mais bonitas, mas talvez eles tragam as mulheres mais modelos, pois mulheres são tão bonitas que não há como não se render à Cristiane camisa 11 dançando enquanto comemorava um de seus golos e isso evidentemente para citar um exemplo apenas – e para dar outro temos a injustiçada cantorazinha que, segundo a versão oficial, foi dublada por “uma colega mais bonita” ou simplesmente “porque era feia”.
O time da Bulgária, por um exemplo, a moça deu uma barrigada (como se tivesse uma) no bambolê (bamboleiioo, sim, veio-me à cabeça a mesma coisa) e ele foi parar na mão da outra – Just do it, impossible is nothing.
E pessoas tiram o prefixo do impossível e ainda tiram notas ruins.
E cada vez mais impossível, e cada vez mais isso é nada: 100 metros em quase 9 segundos e meio. E o pessoal da rítmica da Rússia fez coisas piores. Enriqueceriam num sinal fechado.
O atleta tem de gostar do frio na barriga, do fato de não poder errar, da adrenalina como tantos falam.
Há uma porção de piadas nestes jogos, que são piadas por si só: vara sumir, o argentino também da vara que foi reto, o cubano que não leva injustiça para casa. E há também o Galvão. Eu não sei bem quando foi que ele virou vilão. Se for por isso, muitos outros na TV deveriam virar vilãos também. Mas só os populares são vilões. Até Caetano já virou vilão. Um dos maiores músicos do Brasil, tão importante quanto (ou mais que) Chico Buarque.
É difícil fazer sucesso no Brasil e não virar vilão (nesta conotação, claro, que é uma conotação leve para vilão). O Galvão conversando com os familiraes é pura comédia, é tão bom quanto o Sílvio Luiz dizendo tá todo mundo segurando o tchan. A diferença é que o Galvão vira um comediante sem intenção.
Só quem ganha ou deixa de ganhar uma medalha (só o dopagem faz perder uma medalha) sabe o que é. Em princípio, há que se respeitar sempre o choro alheio, seja ele pelo o que for.


derrota d’ouro

2008,agosto22,sexta-feira às 2:34PM | Publicado em caderno de esportes | Deixe um comentário
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Qual foi a derrota mais bonita do Brasil até agora?
O futebol arte das meninas brasileiras com o Galvão falando “você não fez nada errado, Marta”, após a leitura labial confirmar que a camisa 10 plagiara a famosa frase “onde foi que eu errei?”, e lágrimas coletivas unidas a um Brasil em choro uníssono: prata,  também na disputa d’ouro pela derrota mais bela, o que talvez sublinhe então essa derrota dourada. Prata vale prata, e se chorar vale ouro.
E perder na disputa pela melhor perda é vencer autenticamente.
Porque o ouro é de Eduardo Santos: fez valer nos nossos nervos a máxima de que o que importa é competir. Fomentou um momento tão olímpico quantos os recordes Phelpsianos com 100% menos medalhas – porque competiu francamente.
E continuou franco ao falar (repeti daqui).
Bronze para o Diego Hypólito, que apesar das bobagens que falam dele (que importa isso) é homem o suficiente para encarar as dificuldades e  fazer com perfeição o que sabe fazer na hora que precisa, repetir o treino no jogo tanto quanto os vendedores de testosterona do basquete norte-americano. Mas mostrou que é humano o suficiente para tirar uma imperfeição precisamente na hora menos precisa sabe-se lá de onde.
E a feição dele após o erro vai para o dicionário na palavra decepção. Aquilo sim é decepcionar-se, não com a namorada, não com os pais, não com o emprego – mas consigo mesmo no que se faz melhor e na hora que mais precisa – isso é ouro em matéria de decepção, de possível depressão.

Mas isso é seriíssimo: todo atleta brasileiro (a não ser o de futebol masculino – não que não sejam, mas se o forem são-no por motivos diferentes) é vencedor nesta olimpíada, alguns batalharam mais, outros menos, mas são mesmo, todos, amantes do esporte, profissionais amadores (na conotação portuguesa, como explico aqui, que ama). Qualquer explicação que aqui desse sobre isso seria sublinhar o que todos que estiveram lá dizem, ou molhar no chuveiro, ou chover no molhado.

p.s.: A derrota dos EUA no quadro de medalhas não vale. Talvez a referência da simbologia à qual uma vitória chinesa nos remete deixe-nos saudades dos EUA (só um chute político, não pensei tanto a este respeito). E também porque, como disse no post anterior, eles não perdem não.

EUA passam à frente no quadro de medalhas

2008,agosto19,terça-feira às 4:19PM | Publicado em caderno de esportes, hojes | 2 Comentários
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Deram um jeitinho… fonte: http://www.nytimes.com/pages/olympics2008/index.html

olimpíadas até aqui em alguns segundos rasos

2008,agosto18,segunda-feira às 4:52PM | Publicado em caderno de esportes | Deixe um comentário
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Põe-se um prendedor no nariz das nadadoras sincronizadas a fim de evitar o excesso de beleza gerada pelos corpos das atletas somados aos movimentos por estas e usando aqueles executados/ Talita tá ali: 181 cm e parece uma guriazinha/ há pessoas que só cabem ou são vistos no esporte/ quem garante que todos atletas são homo sapiens?/ atletas brasileiros gritando porra em câmera lenta/ agonia a cada salto de cavalo, a cada salto do rodrigo pessoa, agonia a cada saldo de pessoa / por que o Brasil não está mais à frente no quadro de medalhas? Diego Hypólito movimentos perfeitos e só falam “irmãs Hypólito” / um filho de Michael Phelps com Shawn Johnson/ quem roubou a vara da Fabiana Murer foi o velho aquele fanático que atrás do cordeiro de deus achou o Cordeiro, Vanderlei. quatro anos antes nos quarenta e dois mil cento e noventa e cinco metros rasos/ quem procurou álvaro josé na internet descobriu que ele é pai da fernanda paes leme e como eles são parecidos como eu não havia visto antes desculpamos todos os atletas que pediram desculpa para o brasil o brasil que se desculpa antes quase o bial falando quem caiu no chão e ficou sem chão jamaica pouquíssimo acima de zero no woman no cry run woman run cristiane dias no lugar do léo batista cristiane camisa onze anti-dopping nos repórteres adjetivos anabolizantes galvão falando músculos impressionantes por causa dos feitos phelpianos que michael phelps é o novo pelé das piscinas pelé é o pelé dos gramados então o pelé propriamente dito que paga para não nadar pois nada nada ou não nada nada

Cesão tentou cantar o hino: a letra era outra: a língua era a lágrima.

Quando acabar “a Olimpíadas” eu atualizo com um novo.

dear prudence

2008,agosto14,quinta-feira às 2:32PM | Publicado em hojes, joão-lírico | 1 Comentário
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Looking around que eu me deparei e venho me deparando há algumas semanas com esta propaganda do preservativo Prudence nuns pontos de ônibus.

***
flutuar
tu, ar
tu
ar
***
Após descobrir (descobrir no sentido de começar a usar) esses três asteriscos, eu posso falar de coisas soltas (e óbvias): Eduardo Santos fez valer nos nossos nervos a máxima de que o que importa é competir. Fomentou um momento tão olímpico quantos os recordes Phelpsianos com 100% menos medalhas – porque competiu francamente.
E continuou franco ao falar.
Muito se chora quando se tenta falar o que ouvindo a gente sabe que chorará.
Porque a cabeça quer falar, mas quando se tenta o som caem lágrimas, porque é só o que se consegue emitir no momento, porque o momento (ou sua dor, ou sua alegria, ou só a dor, ou só a alegria) é grande demais (não para achar, mas) para proferir as palavras correspondentes.
E não há como vencer isso.
A lágrima soa como uma bandeira branca, como um tapinha no tatame no Judô.
***
E lágrimas nos olhos, bandeira branca, lágrimas de guerra calham neste escrito:

Máscara
<(Renata Nassif)

“nos dias de luto
deixo os mortos
à terra

maquiagem é escudo
o preto nos olhos
vela a perda

pinto o rosto
como quem vai
à guerra”

olimpíadas

2008,agosto11,segunda-feira às 7:44PM | Publicado em 2º caderno | Deixe um comentário
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A voz do Álvaro José é a voz dos jogos olímpicos. Porque é a voz dele que passa as coisas que a Globo não passa. As coisas que não têm Brasil no meio, que não são suficientemente populares para romper a grade da Globo. Que são as coisas que me fazem lembrar que estamos numa olimpíada. E a voz dele é uma coisa que me lembra olimpíada. Ou Michael Jordan. E também porque ele (o Álvaro, mas o Michael evidentemente também) manja muito.
***
As olimpíadas nos fazem olhar ao seu país sede, e nos faz olhar coisas que já olháramos, mas nos faz olhar novamente. Como o Kung Fu, a muralha, os pandas (perdoem-me os que por busca de “Kung Fu Panda” pararem aqui). Ou eu simplesmente recebi um e-mail sobre o pós-terremoto com fotos de pequenos pandas-gigantes.

Os pandas não se parecem pandas; parecem crianças vestidas de pandas.
***
Os separatistas, como os clientes, sempre têm razão.

***
Ou é impossível fazer um urso de pelúcia de um panda.

p.s.: recebi essas imagens por um correio eletrônico.

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